sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A sina húngara dos Peugeot


A Peugeot começou sua primeira - e até agora, única - incursão na F1 em 1994. A equipe com a qual a fabricante francesa fez parceria foi ninguém menos do que a poderosa McLaren. Poderosa, mas vivendo um momento difícil. Acabava de perder Ayrton Senna para a Williams, e tinha guiando seus carros um praticamente novato – Mika Hakkinen – e um piloto experiente de que todos já sabiam do que era (ou não era) capaz – Martin Brundle.

O ano foi abaixo do esperado para o padrão do time inglês. Ainda assim, as três oportunidades até o GP da Hungria (décima etapa) nas quais a equipe havia pontuado foram no pódio – San Marino, Mônaco e Inglaterra (depois da desclassificação de Schumacher).

Na Hungria, Brundle, que havia sido segundo em Mônaco, andava em terceiro no fim da corrida. Tudo parecia certo para seu segundo pódio no ano, quando, na metade da última volta, o alternador de seu Peugeot falhou. Verstappen que, duas voltas antes, havia passado o líder da prova e companheiro de Benetton, Michael Schumacher, para tirar sua volta atrás, para azar de Brundle, ficou com o terceiro lugar (sua primeira e única subida ao pódio na carreira, já que na Bélgica subiria a terceiro depois da desclassificação de Schumacher). Brundle teve que amargar o quarto lugar na carona da Larrousse de Erik Comas voltando aos boxes.

Em 1995, a Peugeot seria descartada dos planos da McLaren. Começaria lá a era Mercedes, que perdura até os dias de hoje. Porém, para a marca francesa, a F1 não estava acabada ainda. A equipe que iria se servir de seus motores seria a ascendente Jordan. A temporada para o time irlandês até a Hungria ia bem, relativamente. O melhor resultado havia sido um duplo pódio com Barrichello em segundo e Irvine em terceiro no Canadá.

Na volta 73 do Grande Prêmio húngaro, tudo parecia conspirar a favor de Jordan e Peugeot. Barrichello, tendo saído de 14º no grid, era terceiro, depois da primeira falha mecânica da Benetton de Schumacher desde o GP da Alemanha de 1994, ou seja, mais de um ano antes. A festa estava armada. A equipe corria para o muro do Box para esperar Rubens, que andava uma volta atrás das Williams que fariam dobradinha.

Porém, na subida para a última curva, o propulsor francês falharia. Reza a lenda de que - para não denegrir a imagem da empresa – o sistema eletrônico do motor, quando sentia que sua quebra era iminente, o desligava, para assim evitar a famosa fumaceira; algo que a direção francesa não gostaria de ver. Ironicamente, isto tirou de Barrichello o terceiro lugar e qualquer ponto naquele dia, já que Berger, Herbert, Frentzen e Panis andavam separados por não menos que dois ou três segundos, e passariam o brasileiro antes de cruzar a bandeirada. Chegou num agonizante e melancólico sétimo posto, sem o “gás” que o motor, mesmo quebrado, poderia proporcionar.

A sina dos Peugeot em Hungaroring por dois anos consecutivos tirou de seus pilotos com crueldade pódios certos. A marca francesa perdeu interesse na F1 no fim de 2000, depois de uma temporada sem pontos com a Prost. Se focaria nas corridas de longa duração, onde hoje é bem-sucedida. Mas a curiosa sina de Hungaroring entrou de fato pra história da F1.

Nenhum comentário: