segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A pratos limpos


Justiça. É uma palavra que resume bem o primeiro título do alemão Sebastian Vettel, de 23 anos de idade. Justiça ética de sua equipe, que mesmo ante a uma pontuação maior de Mark Webber, jamais tratou os dois de modo diferente, (tenho minhas dúvidas se o contrário também seria assim, mas...) em contraste à Ferrari e seu vexame em Hockenheim. Justiça “performática” (ou de performance), já que Vettel foi o piloto mais rápido do ano em classificação, tão quanto dominou corridas das quais a vitória escapou de seus dedos por problemas mecânicos (Bahrein, Austrália, Coréia). A verdade é a que já dizia aqui há cerca de semanas quando falava que era pra estarmos apenas cumprindo tabela nessas últimas provas, na iminência de um título de Sebastian. Mas não, quis o destino que ele viesse de modo mais emocionante.

O fiel da balança pra tamanha reviravolta no mundial foi o acidente de seu ídolo Schumacher (não vi toque, alguém viu?) no início da prova com Vitantonio Liuzzi. Ali vimos, entre nanicos, Rosberg, Alguersuari e Petrov indo trocar os pneus para não mais voltar aos pits. Pensava-se que haviam arriscado demais, mas os outros, e nós mesmos, havíamos esquecido que Abu Dhabi não dá mais de 5 ultrapassagens por corrida.

Para ilustrar isso basta eu dizer que Webber só passou Alguersuari por prováveis pedidos da “voz na consciência” do espanhol. Sabem, ouvi dizer que eles têm o mesmo patrão. Mas enfim, Felipe Massa não tinha o mesmo patrão de Alguersuari e por isso foi fadado a passar a prova atrás do espanhol da Toro Rosso e chegar em 10º, fechando assim seu magnífico(?) e eficiente(?!) 2010.

Mas o drama do dia teve dois protagonistas de lados opostos da linha do “bem” e do “mal”. Um, o herói da Ferrari, que havia levado o carro vermelho a 5 vitórias no ano e a liderança entre pilotos antes da “última ronda” em Abu Dhabi. O outro, o vilão da Renault, Petrov. Russo que levou 15 milhões de dólares para o time francês e fê-lo torrá-los com seus diversos acidentes durante a temporada. E ainda por cima, tido como peso morto, já que havia em 18 provas marcado 19 pontos, contra 126 de seu companheiro de equipe Robert Kubica.

Pois bem, o ano dos dois havia sido diferente em gênero, número e grau. Mas bastou Alonso voltar de seu pit na volta 15 para que ambos fossem "iguais perante a lei". Ali estava Fernando atrás de Vitaly, sem passar e sequer conseguir aproximar-se. Culpa do circuito de Yas Marina? Muito provavelmente, já que a prova foi uma procissão do início ao fim. Mas Petrov, que achava eu, não resistiria a pressão de Don Fernando, manteve-se 40 voltas à frente do espanhol sem errar. Certamente a melhor de suas exibições em 2010. Tão boa que fez Alonso risivelmente sair do sério após a bandeirada, gesticulando dentro de seu F10. Que fosse chorar à mãe ou a Briatore. Como dizem por aí: Perdeu play boy. Sorry Fernando (hihihi).

Webber, ninguém sabe ninguém viu. Hamilton e Button, outros fiéis da balança, no fim das contas, fizeram um grande trabalho.

Feliz estou por Vettel, pela lição dada na Ferrari e em Alonso. Eu sei que a palavra “justiça” no esporte é muito difícil de ser empregada sem parecer algum tipo de bairrismo. Mas acho que o dia 14 de novembro de 2010 mostrou a Ferrari, ao mundo e, principalmente a Alonso, que podemos sim, ser honestos, justos... e vitoriosos no fim das contas por meio de nossas próprias qualidades, sem ajudas suspeitas. Fica a lição aprendida.

No mais... resta-nos esperar e esperar. F1 agora sóóóóó em março de 2011. Tchau 2010, vamos sempre lembrar de você com carinho.

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