quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um GP especial


Mais um GP do Brasil. Já são 39. Duas pistas com três traçados diferentes. 5 decisões de títulos, 9 vitórias brasileiras, muitas histórias.

Talvez o GP do Brasil não seja o mais glamoroso, não seja o de melhor estrutura, não tenha o melhor asfalto, não tenha melhor drenagem, mas é um local emblemático para a F1, um local que fez e faz história seja como for. É um local que recupera a verdadeira essência do automobilismo, o quê do desafio, (em um traçado que diga-se foi dos poucos poupados das mãos de Hermann Tilke) o quê da informalidade, o quê da simplicidade. Coisas que a F1 do século XXI vem mais e mais perdendo/ querendo apagar, tornando-se um evento exclusivamente comercial.

O GP do Brasil rema contra a maré. Basta olhar uma foto de Interlagos nos anos 70 e uma dos anos 90. Constata um crescimento alto e desordenado da cidade ao entorno da pista, típico de um país subdesenvolvido, típico de governantes incompetentes e típico de países que não conseguiriam administrar e manter um evento do tamanho da F1.

Então o que mantém o GP do Brasil no calendário por tanto tempo já que “nossa paixão”, nossa atenção, é, e sempre foi, única exclusivamente o futebol? É o que sempre me pergunto. Repare que países de tradição como França, Holanda e Portugal não têm mais corridas no calendário, não conseguem mais lançar um piloto que faça as atenções do pais se voltarem ao automobilismo, mesmo sendo europeus, e no caso da França tendo montadoras e fábricas importantes.

Não há explicação racional. O que há é uma força sobrenatural, uma força conspiratória.

Besteira de um aficcionado em corridas que ama ver a F1 anualmente indo a seu pais? Provavelmente. Mas ele em defesa a si próprio tem dizer que: 1. Desde que Interlagos foi para fim da temporada em 2004 decidiu 5 mundiais em 6 corridas disputadas. 2. Sediou a única corrida “sem começo e fim” da história da F1 em 2003. 3. Teve seu principal herói ganhando de maneira inacreditável duas corridas em condições adversas. 4. Foi palco da decisão de título mais dramática da história na última freada. 5. Em 1983 tornou-se o único na história que não possui 2º colocado. 6. Já vimos por aqui um inglês vencer e desfilar com a bandeira do Brasil. 7. Viu em 2009 o mais longo e dramático treino de classificação da história. 8. Teve em suas 4 primeiras edições 3 vitórias de brasileiros. 9. Tem como maior vencedor um francês que por muito tempo foi odiado por essas bandas... e por aí vai.

E deve ter mais um monte de motivos pra argumentar que o que acontece no Brasil foge do normal de uma simples corrida de F1, esses que citei apenas vieram de cabeça no momento em que digito esse post. A verdade é que o GP do Brasil sempre terá um lugar de destaque na memória recente e antiga da F1, sempre será um clássico.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Este é mesmo um GP especial, ao menos para nós, mas é. Não imagino a temporada sem Interlagos.