A foto acima mostra
duas caras que seriam bem conhecidas no futuro do automobilismo. A do
meio, claro, do bi campeão mundial Mika Hakkinen; a da direita, de
JJ Lehto. Ambos ainda no kart finlandês. Desde que chegaram à
F1, sempre foi de conhecimento coletivo que os dois disputaram
lugares de destaque no kart local, até as fórmulas maiores.
Dividindo as vitórias com eles, estava outro que futuramente
veríamos também na F1, Mika Salo (que não aparece na foto).
Mas hoje, chamo atenção
para a pessoa à esquerda na foto, uma menina. Seu nome era Taru
Rinne. E pra quem começa a imaginar que este pódio foi obra de mero
acaso, digo: Nem de longe. Taru era, ao lado dos três, uma das
maiores promessas do kart finlandês no fim dos anos 70 e início dos
80.
Rinne foi bi campeã da
categoria finlandesa dos karts de 85cc nos anos de 1979 e 1982. Para ilustrar a
grandiosidade desses feitos, basta dizer que nos três anos entre
esses dois campeonatos, os campeões foram nada menos que Mika
Hakkinen (duas vezes) e Mika Salo (uma vez). Ao lado de Lehto,
Hakkinen e Salo, o nome de Taru Rinne estrelava até mais do que o dos
meninos, já que não se esperava de uma mulher aquilo que a finlandesa
fazia.
Porém, sua carreira no
automobilismo teve um fim prematuro e indigesto. Em 1983, disputando
o mesmo campeonato, Taru se sagraria campeã. Entretanto, se veria
desclassificada dias depois graças a aditivos proibidos encontrados
na gasolina de seu kart. Hakkinen herdaria o campeonato. Mas, a
punição não ficou só nisso para Rinne. Ela foi simplesmente
banida de toda e qualquer competição pelo ano de 1984 inteiro. Uma
punição que não poderia vir em um momento mais inoportuno, já
que, aos 15 anos, ela vivia um tempo de transição para os
monopostos.
Em 1985, a finlandesa
desistiu do automobilismo, mas não das corridas. Foi tentar a sorte
no motociclismo. Tirou habilitação e começou a correr no
campeonato local das 125cc. No segundo ano, conseguiu um excepcional
quarto lugar geral.
Em 1988, passou a fazer
o campeonato europeu de motociclismo. Sua performance aliada a
interesses comerciais, culminaram numa estreia no campeonato mundial
já no mês de Julho daquele ano - no GP da França, em Paul Ricard,
na própria categoria 125cc. Depois de largar em 28º no grid, a finlandesa
terminou numa grande 14º posição, conquistando já seus primeiros
dois pontos no mundial; a modestos 44 segundos do vencedor, Jorge
Martinez (sim, o que é dono da equipe Aspar hoje em dia).
Mas seu melhor momento
no motociclismo seria em Hockenheim um ano depois. Taru se
classificou em segundo(!!) para a prova das 125cc. Ela chegou a
liderar boa parte da prova, mas no fim, com uma queda de desempenho
em sua Honda, acabou tendo que se contentar com um sétimo lugar –
seu melhor resultado na carreira.
Ela disputaria mais
algumas provas em meio às temporadas, sempre como “wild card”.
Até que, em 1991, na mesma Paul Ricard em que estreou, Taru sofreu
um acidente treinando. Na queda, quebrou seus dois tornozelos. A recuperação
seria lenta, e ela só poderia voltar às pistas em 1992.
No entanto, um fato
inusitado selaria sua carreira. Bernie Ecclestone, à época
presidente da FOCA e FOPA (atual FOM), detinha poderes executivos que passavam sobre as
fronteiras da F1, e podiam às vezes reger o esporte europeu de acordo com
suas vontades. Em uma carta enviada a Taru Rinne, Ecclestone proibiu a
finlandesa de voltar a correr, alegando, surpreendentemente, que ela não era suficientemente qualificada
para tal. Como que de repente, sua carreira internacional encontrava um ponto final. Nada pode ser feito.
Há registros de que
ela tenha feito o campeonato alemão de 125cc em 1993, mas Taru Rinne
desapareceu. Um fim inadequado e um pós-carreira injusto, para uma
das melhores piloto de todos os tempos. A primeira mulher a pontuar
numa corrida no campeonato mundial de motociclismo (atual MotoGP). 25 pontos no total da carreira.
Foto: Taru Rinne e
Giacomo Agostini.
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