Começou lá em 1997.
Mais um italiano empresariado por Flávio Briatore estreava na
Minardi (equipe que tinha algumas ações, na época, pertencentes ao
italiano “playboy”). O nome dele era Jarno Trulli. Trulli havia
sido campeão mundial de kart em 1991, passado por fórmulas menores
(campeão da 3 alemã em 1996) e ganhado, por seu desempenho, um
contrato com o manda-chuva da Benetton que sempre gostou do título
de “caça talentos” (alguns nomes: Giancarlo Fisichella, Jarno
Trulli, Fernando Alonso, Mark Webber, Heikki Kovalainen, etc...).
Trulli vinha fazendo o
que se esperava dele na posição de piloto da Minardi, nada. Sua
obrigação era apenas andar na frente de seu companheiro de equipe,
o japonês irregular e conhecido pela fama de aparar as gramas
dos autódromos por onde a F1 passava, Ukyo Katayama.
Porém o ano e a
carreira de Jarno dariam uma volta em Junho, após o GP do Canadá. O
queridinho da surpreendente nova equipe Prost, Olivier Panis, sofreu
o acidente que dividiria sua carreira em antes e depois.
Antes: Promessa
francesa, terceiro no mundial de 1997 com dois pódios, grande
futuro. Depois: Corridas opacas, poucos pontos, falta de desempenho.
Além de um fato: Olivier jamais terminou um mundial à frente de um
companheiro de equipe de novo.
Mas voltemos ao
italiano tema do post. A partir da França, o nome escolhido para
substituir o francês que quebrara as duas pernas em Montreal foi o
de Trulli. O italiano não decepcionou, pelo contrário. Com
performances sólidas na França (classificando em sexto) e na
Inglaterra, Jarno chegou aos seus primeiros pontos na F1 já em sua
terceira participação no carro de Alain Prost. Um excelente quarto
lugar na Alemanha.
Mas o grande show (que
também acabou sendo seu “grand finale” naquela temporada) foi na
Áustria. Terceiro no grid, o italiano imediatamente após a largada
pulou para a segunda posição. Ao fim da primeira volta, quando o
motor Mercedes da McLaren de Mika Hakkinen explodiu na entrada da
reta dos boxes, Trulli lideraria suas primeiras voltas na F1. Mais
precisamente metade do GP - ajudado por Rubens Barrichello, que
segurou Jacques Villeneuve no início da prova. Com a estratégia de
uma parada, o italiano voltou atrás de Villeneuve, mas ainda em segundo. A 12 voltas do fim, seu motor Mugen-Honda, que dava banho de
óleo em Coulthard (terceiro) havia uma volta e meia, estourou antes
da última curva do A1-Ring, tirando de Trulli um pódio certo.
Em Nuburgring, corrida
seguinte, Panis voltaria. Mas a boa impressão de Jarno não seria
esquecida. Em 1998, já com os motores franceses da Peugeot, a
equipe Prost tinha um orçamento que lhe permitia não ter um cheque
ambulante - como Shinji Nakano - no segundo carro. A dupla Panis e
Trulli soava promissora, mas o carro e o motor não ajudaram. Depois
de 21 pontos em 1997, o time pontuou apenas uma vez em 1998: Um magro
e mísero pontinho com um sexto de Trulli, no dilúvio na Bélgica.
Depois de “achar”
em Nurbugring em 1999 aquele segundo lugar que havia deixado escapar na Áustria em 1997, Trulli encontrou-se em alta novamente. Transferiu-se
para a Jordan, equipe vencedora de duas provas na temporada. No
entanto, em 2000, o império de Eddie Jordan começou a ruir. Vários
abandonos por problemas mecânicos e acidentes inoportunos de ambos
pilotos deram a tônica. Trulli continuou no time para 2001, mas foi
mais do mesmo. Não conseguiu sequer um pódio.
Foi à Renault em 2002
por força de seu empresário, Briatore – já de volta ao comando
da equipe na F1. Passou bons anos ali, mas perdeu a aura de promessa,
principalmente quando Alonso venceu sua primeira corrida e fez sua
primeira pole position antes do italiano na equipe francesa, em 2003.
Em 2004, aquilo que parecia a reação - com vitória e pole position
em Mônaco - não foi pra frente. Trulli entrou em rota de colisão
com o time (leia-se Briatore) por, segundo o próprio, favorecer
Alonso. Nem uma pole position mais tarde na Bélgica melhoraria sua
situação com a equipe. Antes do fim do ano, Trulli já não era mais
piloto da Renault. Foi para a Toyota.
Inoportunamente, em
2005, a Renault parecia ter o melhor carro do grid. Mesmo assim,
Trulli conseguiu, surpreendentemente, ótimos resultados no time nipônico. Três pódios e uma pole até o meio do ano... porque depois, a Toyota não teve fôlego para segurar
o ritmo. Um carro totalmente reformulado foi feito para recuperar a
forma no fim do ano, porém, segundo Trulli, o bólido não tinha o
“seu jeito”. Resultado: Depois de ser vice-líder no início do
ano, Jarno chegou em sétimo lugar no campeonato atrás de seu
companheiro, Ralf Schumacher. Um golpe.
Um de mais tantos como
esse foram aplicados nos dois anos seguintes. O carro japonês
simplesmente não tinha ritmo. Em 2008, um pódio tirou Jarno e a
Toyota da “seca”, na França. Porém, três provas depois, sua
boa performance segurando uma McLaren no fim da prova em Magny-Cours
fora “esquecida” por outra estupenda de seu companheiro Glock na
Hungria. O alemão foi o segundo, segurando a Ferrari de Kimi Raikkonen
nas últimas voltas.
Os últimos feitos de
Trulli na F1 vieram em 2009, graças ao difusor duplo da Toyota. Uma
pole (com o companheiro Glock a fechar a primeira fila) no Bahrein e
três pódios. O último deles, o mais melancólico. Apesar de ter
ganho a disputa do segundo lugar com Lewis Hamilton, Trulli e o time
sabiam que a primeira vitória da Toyota na F1 era necessária naquele fim de ano para que fizesse o interesse da montadora voltar a florescer na F1.
Não foi o que aconteceu. A Toyota saiu da F1 e deixou Trulli a pé.
Seus dois anos na
ex-Lotus como figurante nas corridas pouco valeram pra algo. Sua
carreira terminou em 2009.
O currículo de Trulli
revela um lado ingrato da F1. O dos pilotos que estavam no lugar
certo na hora errada. Foi assim em 1998, quando se esperava muito da
Prost e nada se teve. Foi assim em 2000, quando se esperava mais
ainda da Jordan, e só se tiveram problemas mecânicos. E quando
finalmente Jarno teria um carro vencedor, em 2005 na Renault, sua
relação com Briatore se estremeceu e culminou em sua saída. Na
Toyota, uma equipe sem problemas em jogar dinheiro pela janela (como
fez, de fato), nada deu certo até o último ano; porém justamente
quando a crise mundial econômica tirou da Toyota o interesse em
gastar com a F1.
Nada restou para
Trulli, a não ser um lugar na nanica “Lotus malaia” em 2010 só
para fazer número. Foi o fim para uma carreira que precisava de mais
sorte para deslanchar. Sua substituição por Petrov hoje só bota um
ponto final em sua agonia de ser mais rápido que Virgin's e
Hispania's, mas muito mais lento que o resto. Jarno não faz parte da F1
desde 2009.
Um comentário:
diria que Trulli foi um bom piloto, mas azarado demais. Estilo Rubens, em matéria de azar. Como vc disse, a crreira dele acabou em 2009. Que agora ele vá pra um mundial de Endurance curtir.
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