sexta-feira, 11 de novembro de 2011

No soul


Francamente, do que você se lembra das duas primeiras “corridas” em Abu Dhabi? 2009. Bom, sabe-se que ela aconteceu, que era esperada festa, crepúsculo e tudo mais. Acabamos por ver aquela que, na minha humilde opinião, foi a pior corrida da F1 em todos os tempos. Pouquíssimas brigas, prova definida no pelotão intermediário basicamente na estratégia, e um lance que definiu a vitória – a primeira quebra da vida de Lewis Hamilton.

2010. Aí sim, uma grande corrida... ou não? Os três primeiros que passaram a primeira curva foram os que chegaram ocupando as mesmas posições. Um Safety Car mudou o rumo da corrida, e, por conseqüência, de um campeonato dos mais disputados de todos os tempos. Na verdade, aquilo foi ridículo. Como o carro do líder do campeonato que havia se classificado em terceiro no grid poderia ficar 40 voltas atrás de outro mais lento e com mais de 10 voltas de uso de pneus? Só em Abu Dhabi (ou Valência), tilkódromo(s) dos mais chinfrins da F1.

Alonso perdeu o campeonato do ano passado por defeitos de um circuito que serve até para uma corrida. Abu Dhabi é um lugar que descaracteriza em gênero, número e grau a F1; ou sou só eu que não enxergo alma num circuito desenhado especialmente para que ricaços atraquem seus iates beira à pista, podendo beber champanhes ao som dos motores, passear no Ferrari World e aproveitar o hotel iluminado em cima do traçado? Sem querer tirar esse direito de quem tem grana, só que o pretexto disso tudo é ter uma corrida de carros. Uma corrida, não um desfile.

A pista de Yas Marina apresentava, até o ano passado, um problema parecido com a de Valência. Uma curva (no caso, a nove) que, de tão lenta, fazia os carros perderam contato; algo parecido com o que acontece na pista espanhola após a ponte, na curva 10. Nesse ano, numa parceria com Hermann Tilke, Lucas Di Grassi - arquiteto do kartódromo de Florianópolis (já elogiado por Tilke), sede anual do desafio das estrelas – redesenhou (ou pelo menos ficou na promessa de redesenhar) a curva nove, para contornar o problema das ultrapassagens lá sofrido em 2009 e 2010.

Abu Dhabi vai ganhar alma? Não sei, mas é mais provável que nem assim. Mais capaz, se essas mudanças derem certo, que tenhamos uma daquelas corridas tão movimentadas por diferenças na estratégia (típico desta temporada), que não vamos entender nada no fim das contas. Uma corrida apenas estatística. Aliás, Abu Dhabi até agora na história da F1 só é estatística... não é essência, não é alma... não é esporte a motor.

Pelo menos não o esporte pelo qual eu me apaixonei desde criança.

Um comentário:

Ron Groo disse...

No soul, no brains, no emotions, no race...
Abumdabe é a corrida travesti.
É muito bonito, mas é falso.