domingo, 29 de maio de 2011

O santo imponderável


Indy 500. Há quem diga que só é preciso ver as últimas voltas. A grosso modo, até concordo, porque, por mais que a corrida tenha sido muito boa, as últimas voltas sempre são históricas. Sempre marcadas por dramas de consumo de combustível e por bandeiras amarelas que podem decidir direta ou indiretamente o vencedor. Hoje, rotineiramente, tudo isso... e um plus.

J.R. Hildebrand foi campeão da Indy Lights em 2010. Vinha nesse ano lutando com seu carro nos circuitos mistos. Nenhuma performance de brilho; melhor resultado: 10º no Brasil. Um mero coadjuvante ao olharmos sua posição de largada, um 12º lugar.

Tudo andando pela equipe Panther. Time que, para contratá-lo, deu um pé nos fundilhos do inglês Dan Wheldon, que demonstrava desde sua saída da equipe Chip Ganassi, em 2008, que vivia a parte decrescente da carreira - em que já havia somado uma Indy 500 e um título de temporada, ambos em 2005.

Dan, sem equipe para 2011, ficou a esmo no mercado de pilotos. Reconhecidamente um bom piloto de ovais, por um lado. Mas pelo outro, uma decepção nos circuitos mistos. Sua chance era tentar voltar nas 500 milhas de Indianápolis como “wildcard”, ganhar um dinheirinho e tentar fazer uma boa corrida para quem sabe arranjar um patrocínio que lhe permitisse participar de outras corridas nesse ano. Foi o que aconteceu, Dan, desvalorizado no mercado, encontrou na equipe de seu ex-colega de equipe na Andretti, Bryan Herta, o carro para tentar a sorte na Indy 500. Classificou em quarto, um ótimo posto, dado fato de ser uma equipe de Indy Lights que fora especialmente montada para a ocasião.

Na largada ninguém poderia apostar que esses dois, Wheldon e Hildebrand, poderiam protagonizar o fim de prova mais inacreditável da história da corrida. A três voltas do fim o belga Bertrand Baguette, líder, adentrou o Pit Lane de Indianápolis com falta de etanol. Dario Franchitti, virtual vencedor da prova, teve sua tática derrubada graças à falta de bandeiras amarelas nas 40 últimas voltas. Sendo assim, o escocês se arrastava no circuito economizando combustível e não era páreo para Hildebrand, nem Wheldon (e nem ninguém, já que foi o último dentre os que chegaram na volta do líder). Ambos não precisavam economizar combustível... davam o máximo.

Hildebrand assumia a liderança. Um estreante venceria em Indy pela primeira vez desde o biênio 2000-2001, quando Montoya e Hélio Castroneves conquistaram a prova no primeiro ano de participação. Faltava uma curva para a glória. Nela, lentamente, o carro de outro rookie. Um retardatário, Charlie Kimball, 13º. Talvez confiante demais, Hildebrand tentou superá-lo por fora; lado que em circuitos ovais, depois da metade da prova, normalmente encontra-se cheio de poeira e pedaços de borracha dos pneus desgastados pelos carros. Batata. De maneira inacreditável o líder batia no muro da última curva da corrida que marcava o centésimo ano do autódromo americano.

Wheldon, esquecido e menosprezado por todos, e que salvo engano não havia liderado uma volta a corrida inteira, tirou o último gás de seu carro e passou a linha de tijolos para conquistar sua segunda Indy 500 na carreira. Dois segundos antes de Hildebrand, em destroços, mas ainda assim em segundo lugar. Um ”wildcard“ com estrutura de uma equipe de Indy Lights, que fez papel de figurante durante toda a prova e que havia sido demitido pela equipe de Hildebrand meses antes, venceu uma prova de enredo fantástico. Sem mais... da série "Porque amo automobilismo".

29 de Maio de 2011, um dia épico para o automobilismo mundial.

Monaco Thriller!


*Uma das melhores corridas em Monte Carlo (arrisco a dizer que foi a melhor) que eu já vi. Nada como asa móvel e Kers pra agitar uma corrida que quase sempre foi estática quanto à troca de posições na pista. Numa pista que não tem espaço pra passar, os pilotos provaram, e têm provado nesse ano, que não passavam anteriormente não por comodismo, como diziam alguns; e sim por não ter como mesmo. Os mesmos que ainda criticavam as mudanças técnicas desse ano por pura nostalgia. Caindo no dito popular “águas passadas não movem muinho”. Era legal? Era. Mas passou... Do the Evolution! (Ta, menos apocalíptico do que prega esta bela canção).

Disse ontem de sorte de campeão. Quer maior sorte do que uma bandeira vermelha a cinco voltas do fim para trocar um pneu que estava no bagaço? E mais, escapando de um acidente logo à frente? Pois é. O jeito é esperar 2012, Vettel parece invencível. Mesmo sem as melhores condições para uma vitória, a sorte se encarrega de concede-la ao alemão.

Grande performance de Alonso, em segundo, antecedida por uma grande largada. Azar de Button, que tinha tudo para ganhar a prova e teve que se contentar em ver sua vantagem de pneus ir pelos ares com a bandeira vermelha.

Hamilton. Um capítulo à parte. Entre ultrapassagens e espremidas um sexto lugar que seria justíssimo não fosse o fato de ter deliberadamente arrancado de Pastor Maldonado seus primeiros pontos na Formula 1. Feio demais. Cabia aí uma desclassificação ao inglês. Quanto a seus outros incidentes na prova nada de muito pesado. A batida que tirou Felipe Massa da prova foi mais infelicidade do brasileiro do que culpa de Hamilton. Manobra dura, mas não injusta. Massa também tentou vender caro demais a posição. Uma pena para Felipe, já que Alonso se distancia no mundial e ele não marca ponto algum desde a China.

Fantástica corrida de Kobayashi, Sutil e Maldonado. Uma pena Kobayashi ter levado uma ultrapassagem de Webber tão no fim da prova. De qualquer forma é o melhor resultado do japonês na F1. Ele que só não pontuou em todas as provas até aqui por causa da asa traseira irregular de seu Sauber na Austrália.

(Só um parêntese a respeito da batida que desencadeou a bandeira vermelha. Alguersuari vai cada vez mais se tirando da Toro Rosso para a entrada de Ricciardo)

Se classifiquei o GP da Coréia do ano passado como “Drama”, classificarei esse monegasco de “Thriller”. Uma das corridas mais divertidas dos últimos tempos. Talvez a melhor em Mônaco em muito tempo.


* Cansei de colocar fotos do Vettel, sendo assim, já que meu blog não é uma democracia, decidi homenagear Pastor Maldonado.

sábado, 28 de maio de 2011

Quase lá...


Treininho mixuruca. A batalha verdadeira – provavelmente entre Hamilton e Vettel - ficou só na expectativa, tudo pelo infortúnio de Sergio Pérez na chicane do porto. Vettel vai provando cada vez mais que este é seu ano. Podia muito bem economizar pneus e ir para a pista apenas nos quatro ou cinco minutos finais do Q3. Decidiu ir no começo, como aliás tem feito nesta temporada. Havia cravado sua pole, e Hamilton estava apenas aquecendo seus pneus quando a Sauber de Pérez bateu e decretou, na prática, o fim da sessão.

Sorte de campeão, justo em cima de seu maior rival no ano. É... se não acontecer nenhum desastre (diria desgraça, mais forte) acho que esse ano já tem dono.

O que pode movimentar um pouco a prova pode ser a largada. Button se acertá-la, pode disputar a primeira curva com o Red Bull número 1, quem sabe pular na frente e segurar Vettel. Mesmo assim, naturalmente, é praticamente impossível apontar outro virtual vencedor que não seja o atual campeão. Mônaco é uma pista que nivela as performances, mas a longo prazo, quer dizer, 78 voltas, prevalecerá o melhor. E o alemão venceu quatro de cinco corridas nesse ano sem abusar da performance. Uma questão de lógica.

De Webber não sei se devemos esperar algo, a não ser a costumeira corrida opaca. Fato que o australiano não é mais o mesmo em 2011. Carro feito pra Vettel? Desfavorecimento depois da guerra de nervos que promoveu na Red Bull ano passado? Má adaptação aos Pirelli? Sinceramente, ainda não tenho uma teoria sobre isso.

Alonso quarto e Massa sexto. Quietinhos, podem surpreender, em especial o asturiano que teve bom ritmo na quinta-feira. Schumacher em quinto. Sua melhor oportunidade de voltar ao pódio desde que retornou à F1, basta fazer sua parte e apostar na loteria monegasca.

Grande ritmo de Maldonado, em oitavo, com a punição a Hamilton. Quem diria, o venezuelano vai se firmando bem nas classificações, a conferir a regularidade nas provas. Rubinho, bom... está com uma “asa diferente”; vejamos se não é mais uma “desculpa barrichelliana” amanhã. Bom treino de Pérez também. Uma pena o acidente, tinha tudo para sair de Mônaco com bons pontos na sacola. Vai ter que se contentar em ver a corrida pela TV com a integridade física quase intacta, o que pela estampada - provavelmente a mais de 230 Km/h - é um lucro.

Decepções: Renault e Force India. Pelo que se esperava, estiveram muito abaixo.

Previsões. Hamilton encontrará onde se possa ultrapassar em Mônaco, senão não terminará a prova recebendo a bandeirada. Vettel é favorito claro, mas quem sabe Button; ou quem sabe Alonso, possam dificultar um pouco as coisas. Mas mais do que nunca, amanhã se Vettel passar a St. Devoté na frente, são remotas as possibilidades de que o alemão não saia de Monte Carlo com uma boa vitória, que inclusive lhe é inédita.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Solo Valentino Rossi!"


GP da Catalunya, 2009. Restam quatro voltas para o fim da prova. O pole position e líder Jorge Lorenzo começa a ser atacado ferozmente por seu companheiro de Yamaha, Valentino Rossi. Recomeçava ali um jogo de nervos que iniciara na classificação, já que Lorenzo havia superado Rossi por 13 milésimos. Motos iguais, talento imenso de ambas partes. Prefiro não dizer mais nada. Dê o play e se arrepie com, além da disputa, a narração italiana acompanhada por uma música de fundo, digamos, propícia.

Há também câmeras onboard na moto de Rossi no quadro inferior. Perca seu fôlego aqui.

Um amigo havia me pedido um "porque" de tanta atenção em cima do Rossi. Acho que mandei bem.

P.S.: Veja o vídeo enquanto a Dorna não o tira do ar.
P.S.2: O blog vai entrar em hiato forçado... estou sem internet. :/

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Jogando em xeque


E será indo em busca de seus momentos de glória que a Williams voltará a ter seus motores fornecidos pela Renault. A história ganha força a cada dia, e é possível que isso aconteça já para 2012.

Isso nos remete aos idos de 1988, quando a Williams passava por uma situação parecida quanto ao fornecimento de motores. A Honda havia deixado a parceria, até ali vitoriosa, a troco da McLaren (Senna) e da Lotus (Nakajima). Sem possibilidades de assinar de imediato com uma forte montadora, a equipe inglesa foi forçada a usar os terríveis motores Judd aspirados, no último ano da "era turbo".

Não precisaria mencionar que os resultados foram desastrosos. Os melhores momentos da temporada foram dois segundos lugares conquistados por Mansell. Um no chuvoso GP da Inglaterra, o outro em Jerez de la Fronteira, Espanha. As dificuldades eram evidentes. Faltava velocidade final, sobravam problemas. Não só com o motor. Mansell, piloto nº 1 da equipe, teimara em correr doente na Hungria, e o salário de tal ato foi a perda das duas provas seguintes na Bélgica e Itália em recuperação.

Mas para 1989 tudo mudaria. Chegaria o motor Renault, depois de dois anos ausente das corridas de F1. O V10 francês faria a Williams voltar a viver seus dias de glória na categoria. Uma temporada convincente com duas vitórias nos adversos GPs do Canadá e da Austrália - ambas por Thierry Boutsen que substituía a Mansell, agora na Ferrari - fariam o time inglês ser vice-campeão entre construtores.

A situação agora, em 2011, não é tão simples. A Williams joga em xeque. Têm a bordo de seus carros um estreante nada promissor e um veterano que está vivendo seus últimos dias na F1. Não vencem uma corrida desde 2004, e não tem um equipamento confiável e constante - sendo rigoso - desde a metade de 2005, quando começava o inferno astral nas relações com a BMW.

Em outras palavras, a Williams não vive um ano ruim como em 1988, vive a pior fase de sua existência. Fase, mais recentemente, que vem fazendo cabeças rolarem morro abaixo dentro do staff técnico. Resta saber se a volta da Renault poderá trazer de volta a estabilidade e os bons dias a Williams.

Opinião pessoal do blogueiro: É difícil. Porque não é uma parceria como foi nos anos 90, quando venceram quatro campeonatos de pilotos e cinco de construtores. Dessa vez a Williams será só mais uma dentre outras três equipes (Red Bull, Lotus, Renault) a ter seus motores fornecidos pela Renault. Além disso, não tem um bom piloto jovem em quem possa apostar suas fichas a longo prazo, alguém como foi Nico Rosberg, por exemplo. Não bastasse, a Williams corre nesse ano com o carro praticamente sem patrocinadores e precisa de mais dinheiro para crescer junto com o possível futuro fornecimento de motores.

Carro que, por sinal, tem em seu layout um “revival” da pintura de 1997 do time inglês, ano dos últimos títulos conquistados por eles... justamente com o motor Renault. Infelizmente mesmo com o negócio concretizado não vejo isso sendo mais que uma ligação nostálgica. Triste. Tomara que eu esteja errado.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Set the World on Fire - Annihilator


Podem encontrar muitos defeitos no Annihilator. O principal (nisso excluo ter concebido aquela porcaria chamada “All for You” em 2004) é não ter um vocalista fixo. No disco Set the World on Fire de 1993 a banda estava simplesmente no quinto vocalista... em pleno terceiro álbum! O grande trunfo da banda canadense sempre foi pertencer a Jeff Waters, que além de único membro fixo do conjunto, sempre foi dono de uma habilidade de composição fora do normal.

Depois do “Alice in Hell” de 1989, dono de um thrash metal visceral; e do “Never, Neverland” de 1990, disco mais cabeça, mas não menos fantástico, chega Set The World on Fire.

Disco em que o estilo da banda se consolida definitivamente. Dentre temas melódicos e riffs pesados, ritmo frenético e vocal ameno. Uso como plano de fundo a esses adjetivos a primeira música e faixa título. Riff simples e cru, base forte. Outra nesse estilo é a oitava, The Edge. Sonzaço fora da malevolência esteriotipada do Heavy Metal, tanto no som quanto na letra, que inclusive, pessoalmente, levo como lição de vida... mas não vou me alongar, porque isso é papo pra buteco.

Há também as baladinhas. Vamos pra faixa 5. Phoenix Rising. Opinião do cara te escreve este texto, esse som pega fácil lugar entre as três melhores baladas de Metal em todos os tempos. Poucas músicas traduzem tão bem sentimentos, força, melodia e ideologia quanto essa. Essa é uma entre outras poucas músicas que ouvi que gostaria de ter composto, dado nível de genialidade da bagaça. Obra de arte, linda de mais. Tem também Sounds Good to Me, bonita também, mas que perto de Phoenix Rising parece o mais poluído dos funks cariocas (Vish, pesei na mão... sorry).

Quando passamos para os climas diferenciados no CD não há como não citar a bela e pesadíssima Bats in the Belfry. Destaque para o riff do refrão. Há também Brain Dance, música que chega a lembrar Mr. Bungle de tão estranha. Vocais agudos, barulhentos lembrando os de um débil mental, com um instrumental que lembra aqueles medonhos filmes de terror “B” dos anos 80. De modo peculiar, consegue ser engraçado e bom. Ainda nesses climas musicais curiosos a faixa quatro, Snake in the Grass. Porém neste caso, algo mais usual do que Brain Dance, digamos.

Ainda, para liquidarmos o disco, No Zone e Knight Jumps Queen, 27 toneladas cada uma, e Don’t Bother Me, patinho feio (todo CD por melhor que seja tem, némerrmu?).

A junção de uma balada perfeita com o resto de um álbum pesado e muito bem elaborado dá a química interessante que tem o Annihilator durante, sobretudo, os anos 90. Um estilo único, que pela singularidade é bem interessante. Experimente!

1.Set the World on Fire

2. No Zone

3. Bats in the Belfry

4. Snake in the Grass

5. Phoenix Rising

6. Knight Jumps Queen

7. Sounds Good to Me

8. The Edge

9. Don't Bother Me

10. Brain Dance

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domingo, 8 de maio de 2011

Ponto azul no horizonte


Como eu dizia, se Vettel largasse na frente não teria pra ninguém. Foi assim. Quase ponta a ponta, se Button não tivesse liderado uma mísera voltinha, a 12. É quase impossível entender como Vettel sobra tanto. Seu ritmo é assustador, assombroso. E a impressão é de que não está dando seu máximo. Não dá pra ver, ou prever, Vettel perdendo uma corrida. Está em outro patamar e muito longe dos outros. Se alguém não fizer alguma coisa muito rápido já para Barcelona corremos o risco de ver um campeonato decidido em Agosto ou Setembro. Broxante.

E o pior é que Webber não consegue seguir o bom desempenho do alemão. Mark largou mal e se enroscou com outros carros a corrida toda. Rosberg no começo, Alonso no fim. Em outras palavras, Webber é alcançável embora tenha um canhão e Vettel um ponto azul escuro no horizonte. Mérito de Sebastian, claro. Conseguiu entender e se adaptar ao carro muito melhor que Webber.

Alonso, em terceiro, ganha aí uma bela dose de moral. Fez uma classificação acima da média e uma corrida perfeita para o ritmo atual da Ferrari. Chegou a passar Webber na pista, veja só. Verdade que foi re-ultrapassado, mas o espanhol conseguiu ao menos ir pra cima de uma Red Bull, façanha digna de nota, claro. Massa se deu mal. Entre paradas ruins, erros e azares sobrou pra ele a posição do bobo, 11º. Injusto na minha opinião. Não condiz com o que foi sua corrida no primeiro e segundos stins, quando chegou inclusive a passar Hamilton. Massa vinha de duas atuações boas, agora vai ter que continuar na missão quase impossível de correr atrás de Fernando Alonso, que está cheio de moral.

A Mercedes. Ninguém sabe... alguém viu? Rosberg teve seu brilhinho na largada, depois foi devidamente jantado pela rapaziada da frente. Chegou em quinto mas jamais teve um ritmo convincente. Pelo jeito todas as melhoras e festas ficaram nas tomadas de tempo mesmo. Schumacher fez aquela corrida apagada costumeira, se defendendo e tocando roda com os outros carros, nem sempre de forma leal. Já deu Schummy, abre espaço pra garotada, né.

Uma boa corrida das Renault, Buemi e Kobayashi. Sebastien fez a estratégia de uma parada a menos funcionar muito bem, embora tenha perdido o sétimo lugar para as Renault no finzinho. De qualquer forma o nono lugar foi um ótimo lucro pra alguém que saiu de 16º. Kobayashi largou de último e beliscou um pontinho, em 10º. Outra grande apresentação de Kamui que terminou todas as corridas desse ano na zona de pontos.

E que alguém faça alguma coisa para pegar Vettel, é meu o pedido. Não, não é a Red Bull. É Vettel. Inalcançável. Intocável. Pelo bem do esporte e pelo bem das corridas, é bom que aconteça rápido.

sábado, 7 de maio de 2011

Inexplicável


Mais uma vez. A quinta seguida. Vettel vai largar na frente... de novo. Quatro décimos na frente de Webber, o segundo, cinco de Rosberg, o terceiro. Difícil entender tal soberania. Mais fácil nem tentar. O jeito é falar logo que Vettel vive o melhor momento da carreira e que a combinação do alemão com o RB7 é a que mais sobra nos últimos sete anos. É inexplicável. E inédito, nesse formato de treino, vigente desde 2006, que o piloto estivesse ao lado dos mecânicos para comemorar a pole position. Tal foi a vantagem que conseguiram para economizarem o pneu da segunda tentativa.

Webber dessa vez em segundo. É o único que tem o mesmo carro, logo, o único que pode tirar a vitória de Vettel em circunstancias normais. Mas como os dois pouparam a mesma quantidade de pneu vai ficar difícil para Mark tentar algo se não for logo na largada.

Boa evolução da Mercedes com Rosberg em terceiro e Schumacher em oitavo. Verdade que Schummy ficou devendo um cadinho, mas em ritmo corrida melhor não subestimá-lo(s). A Mercedes assumiu a liderança na China depois de um grande trabalho feito por Rosberg na pista, agora com as atualizações que deram um “boom” no ritmo de classificação é bem provável que o ritmo de corrida melhore ainda mais. Tem que ficar de olho.

McLaren nem bem nem mal, Hamilton quarto e Button sexto, pouco tenho a discorrer. Uma boa classificação de Alonso em quinto na frente de uma das McLaren. Enquanto a Ferrari continua congelada evolutivamente, lá vai Fernando tirando seus coelhinhos da cartola. Por outro lado, horrendo desempenho de Felipe Massa. Não bastasse ser superado por Alonso, ficou em décimo lugar e gastou um jogo de pneus moles no Q1, além dos que usou no Q2 e Q3, sem motivo aparente. Na corrida vai fazer falta.

Bom treino e boa perspectiva de corrida para Rubinho. Realmente pra situação atual da Williams o custo-benefício de se largar em 11º e poupar um jogo de pneus, é melhor do que largar em 9º ou 10º tendo feito uma tentativa no Q3. E Barrichello ainda apostou conscientemente em poupar pneus no Q1 depois da desistência de Kobayashi, outra economia bem feita. Maldonado também não foi mal e sai em 14º, sua melhor classificação até aqui. Importante pra equipe esse feito nesse momento turbulento.

Nada mais muito a acrescentar, a não ser a excelente classificação de D’Ambrosio que colocou três décimos no experiente parceiro Timo Glock. Uma pena o belga ter que perder 5 posições no grid final. Mas ainda aí nessa parte do grid outra grata surpresa. Sim! A Hispania de Liuzzi vai largar à frente das duas Virgin’s amanhã. Um esboço de crescimento, mas muito válido, diga-se.

Quanto ao costumeiro “preview” do último parágrafo, bem... Vettel, e... Vettel. Se acertar a largada ninguém tasca. Se você não gosta do Vettel e quer ver rapidamente se você tem chance de ser feliz amanhã, acorde às nove da manhã pra ver a largada, e se o RB7 número 1 pular na frente, volte a dormir, de lá ele não sai. Eu garanto, ou seu dinheiro de volta.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Seasons in the Abyss - Slayer


Na maioria dos CDs que costumo ouvir procuro, entre outras, uma coisa que quase sempre uso como critério pessoal. Solidez. Solidez no som, na técnica, na atitude, nas letras. Costumo chamar de “sustância”, de fato, tem a ver. Algo que faça o som ser robusto além de bom... combinação que me arrebata.

Seasons in the Abyss foi lançado em 1990, sendo o último disco na formação clássica do Slayer, com Dave Lombardo (que voltou em 2001) na bateria. De War Ensemble à faixa título temos aquele que, na minha modesta opinião, é o melhor disco da banda americana.

Podemos citar como grandes momentos Dead Skin Mask, faixa 5, no ritmo cadenciado, lembrando muito Groove, mas que não perde a dinâmica do thrash puro sangue. Contando ainda com o grande trabalho de Kerry King e Jeff Hanneman nas guitarras que, neste disco, se preocupam menos com velocidade e mais com elaboração. Coisa perceptível na faixa 10, Seasons in the Abyss, que tem o melhor dueto de guitarras do disco (quem sabe do Slayer). Posso dizer com toda certeza que se trata de minha música favorita dos californianos, certamente a mais completa do álbum, com temas distintos e bem obscuros.

Se faltou peso, War Ensemble e Blood Red, primeira e segunda faixas, respectivamente, podem dar o toque de “podridão” ao álbum. Na primeira, talvez o ritmo mais frenético do disco acompanhado das manjadas letras sobre massacres militares, tema batido nos discos da banda. Na segunda, apesar da cadência, um dos melhores riffs temas do disco, mostrando peso e dissonância, coisas difíceis de sincronizar de forma decente.

Expendable Youth e Skeletons of Society aparentam ser musicas irmãs, dados intervalos parecidíssimos que têm em seus começos (atente para as linhas de baixo e bateria). Outros dois sons que mostram muito bem a linha do álbum que não pretende ser rápido. O oposto, por exemplo, do renomado Reign in Blood de 1986, onde velocidade é o requisito principal, inclusive na duração das músicas.

O CD ainda conta com Spirit in Black, Temptation e Born of Fire, excelentes pedidas para um lado B de um disco bom como esse.

Seasons marca o começo de uma nova vertente dentro do estilo do Slayer. Mais técnica, menos rapidez. Menos batidas por minuto, mais peso. Tudo que o manual do bom thrash metal pede com a finalidade de que suas bandas não caiam na mesmísse da mecânica. É o que dá (muita) graça a esse álbum. Aliás, é uma das graças, dentre tantas atrações nessa sonzera.

1. War Ensemble

2. Blood Red

3. Spirit in Black

4. Expendable Youth

5. Dead Skin Mask

6. Hallowed Point

7. Skeletons of Society

8. Temptation

9. Born of Fire

10. Seasons in the Abyss

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terça-feira, 3 de maio de 2011

Águas de maio


E acabou pelo menos. Bom, não sou daqueles de ficar encontrando defeito em tudo. Não sou daqueles que ficam zicando o evento, naquela de “tomara que não dê certo”. Na realidade, eu sempre sonhei com um circuito de rua em SP. Quando era menor, imaginava corridas em locais inusitados como, por exemplo, a rua da minha casa (imaginação fértil, sempre...) ou em uma das marginais, por que não?

Enfim, eu sou um dos que mais apóia a realização de uma corrida nas ruas de São Paulo. Acho interessante a idéia. E uma corrida de rua fora dos EUA (onde isso é normal) sempre chama muita atenção do público e de patrocinadores locais. Em outros termos, tem tudo pra ser um evento muito lucrativo.

Circuitos de rua normalmente têm problemas na estrutura. É normal, afinal ruas não foram concebidas para sediar corridas. Têm problemas de drenagem; o evento em si, causa problemas no fluxo do trânsito, transtorno para quem mora nos arredores da pista e sempre existe a probabilidade de dar algo errado estruturalmente devido ao nível de improviso, que é, claro, muito maior. Sempre foi assim, e sempre será. Para provar que isso não é exclusividade da prova de São Paulo, deixe-me lembrar que Barrichello abandonou o GP de Mônaco do ano passado por uma tampa de bueiro mal colocada, que lhe causou a quebra da suspensão traseira seguida de um acidente. No quesito da chuva (guardadas proporções), lembremos do GP de St. Petesburg da Indy ano passado, que foi adiado para segunda-feira de manhã também.

O maior problema foi profissional. O material humano para a transmissão. A Band informou muito mal o espectador durante os dois dias de corrida. Insiste com Luciano do Valle - que não narra bem há muito tempo nem futebol - como “locutor número 1”, quando tem alguém como Téo José, que sabe muito mais do assunto e viveu muito mais nesse meio, na reserva. Há também os repórteres, fazendo perguntas óbvias e sem a menor idéia do que estão falando. Antes de investir numa corrida para encher o bolso de grana, pensem em fazer algo decente para a cobertura a QUEM GOSTA DE AUTOMOBILISMO, que é quem dá essa grana. Invistam em profissionais e estrutura.

Fora também as pagações de mico, como beber leite ninho no pódio. Falar que Takuma Sato é o único piloto japonês na Terra, e que não é conhecido do povo brasileiro. Fora ainda os nomes de pilotos que Do Valle faz questão de errar desde 2006. Ah, e Luan Santana? Quem teve essa idéia merece ter o nome revelado... no mínimo.

Enfim, a corrida até que foi boa, apesar dos transtornos. Foi a Indy. Gosto de automobilismo, qualquer corrida me interessaria. Mas com a mentalidade atual, temos (aliás, eles têm) muito a crescer. Foi um evento mega comercial, tendo em vista uma corrida como desculpa pra encher os burros da grana. Grana dos espectadores que compareceram no primeiro dia e não foram ressarcidos devidamente como manda o bom senso.

Aconteceu, acabou, isso é o importante agora. Mas que os erros não se repitam... de novo.