quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Conquista ou aquisição?

Já houve tempo em que atitudes valiam mais do que uma conta bancária gorda, tempos em que a identidade da pessoa brilhava, fazendo seu mundo, e o mundo de algumas pessoas, juntamente mudar. O fato é que hoje não é mais novidade pra ninguém que o mercado fonográfico virou latifúndio para a monocultura de músicas, e porque não dizer também, músicos pasteurizados sem conteúdo.

Voltamos à 1983. Um ano de vital importância para o estilo musical homenageado no título desse blog, o Thrash Metal. Nada mais eram, friamente, do que punks que haviam se tornado músicos decentes. Começaram a ter influencia de guitarristas dos ’70 tal como Richie Blackmore, Jeff Beck, Brian May, Jimmy Page, Gary Rossington, Tony Iommi, entre outros. Acabavam ali as músicas de no máximo 3 minutos, as letras de protesto inconseqüente e aumentava-se o tempo estimado de vida das bandas juntas.

Dos discos que difundiram o estilo não há como não chegar em Kill ‘Em All do Metallica e em Show No Mercy do Slayer. Lançados em 83, evidenciaram o que de alguns anos antes já se percebia na mítica Bay Area, costa da Califórnia. Porém com a fama que alcançaram até os dias atuais é difícil conceber o fato de terem sido gravados ambos com orçamento contado, e em estúdios péssimos.

Viraram clássicos com o tempo e a fama das bandas em questão. Mas não dá pra entender o significado desses discos apenas ouvindo sem saber, por exemplo, que: o Kill ‘Em All foi gravado em 2 semanas. Jeff Hanneman pediu dinheiro a seu pai para cobrir o orçamento da gravação já que o salário de Tom Araya não conseguia cobrir-lo todo.

Por aí compreende-se o significado do movimento, o esforço dos músicos, e porque não dizer, o merecimento daquilo que almejavam, o sucesso. Eram outros tempos, no qual o sentimento, a técnica e a atitude, como já disse, faziam um papel primordial no som da banda. E isso não era possível à época comprar nem vender... tudo era conquistado. Já hoje, é adquirido.

O que vale mais?

domingo, 26 de setembro de 2010

O inquestionável


Há tempos ouve-se falar o seguinte ditado na F1: “carro 70%, piloto 30%”. Perfeito, Não? Não. O GP de Cingapura desmentiu essa verdade incontestável da F1 moderna. Alonso ganhou sem ter o melhor carro, sem ter o time mais forte sob aquela circunstância. Ganhou na garra e na vontade de ser campeão.

Para ter noção do feito de Fernando, basta olhar o arquivo da cronometragem oficial (que deveriam disponibilizar, por sinal...) . Alonso foi pontual tal qual um relógio suíço.

Num ciclo vicioso acontecia: A diferença entre Vettel e Alonso era de 1.8s a 2.3s.Vettel tirava a diferença de maneira lenta e constante até que chegasse a 1s cravado, e aí Fernando mostrava suas garras enfiando, somados nos 2º e 3º setores, cerca de 0.6s numa volta por cerca de duas vezes, repetindo-se o ciclo daí para o começo.

Chegou a ser engraçado número de vezes em que o locutor oficial proclamava a aproximação de Sebastian dizendo: “Agora vai!” e Alonso metia logo tempo de novo no alemão confundindo o coitado do narrador. E isso durante 80% de uma prova que teve o tempo próximo de 1h 58min, com nada menos que 85% de umidade relativa do ar.

Alonso imperou hoje uma hegemonia que poucas vezes vi na F1. Com um carro inferior manteve-se à frente de Vettel com a toda poderosa Red Bull que dominou todos os treinos livres, até a classificação, exceção feita ao Q3 obviamente. E gostem ou não do dito cujo, carro sozinho não faz o que o asturiano fez em Marina Bay hoje.

No mais a corrida foi uma das melhores do ano (como profetizei aqui ontem, inclusive). Destaque aos acidentes que aconteceram aos montes. Um inclusive vitimando Hamilton, ex-vice líder do mundial. E sendo honesto, cabe aqui um elogio à FIA, tão criticada por mim nos últimos tempos, que julgou de forma a não prejudicar o espetáculo os incidentes colocados sob investigação, sobretudo o de Webber e Hamilton, típico acidente explicado apenas pelas leis da física que sabiamente dizem que “dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço”. Fato é que sobrou vontade, mas faltou ponderação. Paciência. Melhor para Mark e sua suspensão dianteira, cuja qual deveria mandar empalhar para pendurar na sala de estar de casa, se campeão for.

O problema crônico de largadas de Barrichello desde o início da carreira atacou de novo hoje. Mas dos males o menor. De 6º saiu, em 6º chegou. Poderia ser 5º, mas está no lucro.

Massa foi “salvo” pelas punições discutíveis a Sutil e Hulkenberg. Aos leitores mais atentos que lembram do GP do Japão de 2007, quando Massa foi até a linha de chegada numa disputa de esportividade discutível com Kubica e lembram do que disse o locutor oficial na situação, o que Felipe fez hoje não é o que se espera de um piloto da Ferrari.

O contrário de Fernando, soberbo.

sábado, 25 de setembro de 2010

Sunday night ballad


Alonso, Vettel, Hamilton, Button e Webber. Os 5 juntos nas 5 primeiras posições do grid em Cingapura. Creio que a decisão não poderia ter começado melhor. Alonso pode não ter o melhor carro, mas do espanhol encardido e motivado eu é que nunca vou (e você também não deveria) duvidar. Vettel pode ter o melhor carro, mas do alemão que vai lecionando a cada domingo de F1 como se perde um título em mãos, ninguém deve lá botar muita fé como já havia dito por aqui nessa semana.

A McLaren tem seus carros na segunda fila. Posição confortável, já que não é pequena a possibilidade de ocorrer, primeiro, algo parecido com o que houve na largada de Hockenheim entre Vettel e Alonso, e segundo, Vettel mais uma vez largar mal e perder posições importantes.

Webber depende de si. Precisa largar bem, mas não deve ser combativo demais durante a prova, não seria prudente e não acredito que Mark o fará. Vai secar com o olho cada um dos outros postulantes dos quais terá perfeita visão amanhã do 5º posto.

Sem esquecer a menção honrosa a Barrichello pelo 6º lugar excelente junto ao título “Best of the Rest” de hoje, acabo esse texto profetizando a corrida boa e longa que teremos amanhã, da qual a água que cair durante o dia em Marina Bay (adoro esse nome) será peça fundamental, principalmente nos primeiros instantes da prova.

Hora extra


Voltamos hoje a meados de 2004. Christian Klien estreava na F1 na defasada Jaguar já no “pôr” de seus momentos sofríveis na categoria. Klien era ali o primeiro de uma série de jovens que a Red Bull colocaria nas pistas da F1 nos anos seguintes.

Era tido como um grande talento. Foi um dos grandes da safra de kartistas da Áustria no fim dos anos 90. Foi para Formulas em 1999, mas só obteve sucesso de fato em 2002 e 2003 quando ganhou o título alemão de Formula Renault e foi vice da Formula 3 respectivamente.

A foto acima, tirada em Montreal, retrata bem como foi o ano de Christian. Seu melhor grid do ano havia sido nessa prova, 10º, mas esse acidente com Coulthard na primeira volta acabaria ali com suas chances de pontuar pela primeira vez na carreira (fato que só ocorreria mais tarde na Bélgica) mesmo assim ainda foi 9º, beneficiado pela exclusão das Toyotas e Williams por dutos de freio irregulares.

Embora tenha sido um ano complicado, Christian abandonou apenas 4 das 18 provas, fazendo assim um bom ano para um piloto estreante dadas as condições do carro R5 e do time da Jaguar que descaradamente direcionava a grande parte de seus investimentos para o carro de Mark Webber, tido como número 1.

O tempo passou, a Jaguar virou Red Bull e hoje o lugar que era de Klien é de Webber. Ironias à parte, Christian teve carro para mostrar de que era capaz em 2005 e 2006. Uma temporada de 2006 fraquíssima fez a Red Bull trocá-lo por Robert Doornbos que já havia corrido na Minardi um ano antes.

Para Klien depois de anos como piloto de testes ficaria evidente que apenas um milagre o colocaria novamente competindo em um GP na F1. E ele aconteceu nesse fim de semana (se é que se pode chamar uma patacoada dessas de milagre). Klien correrá no HRT da câmera vermelha (melhor falar assim, já que não dá pra ver patavinas do número) domingo. Apenas figurará numa corrida de vital importância para o mundial. Verá de perto, enquanto dança com sua Hispania nas ruas de Marina Bay, aquilo que esperamos que seja um espetáculo melhor que os 2 últimos anos em Cingapura. E de certo deve ser.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

And the trophy goes to... (Parte 2)

Vettel é o segundo dos que acho que só tem chances matemáticas, mas difere de Butt

on no quesito da falta de performance. Entretanto é essa rapidez que dosada de algumas pressões fora da pista e de erros toscos dentro dela tornou a ser sua pior inimiga. Tem 7 poles no ano, tinha o carro mais rápido, tinha total apoio da equipe no começo. Então, o que acontece? Difícil dizer... mas é algo que não deva ser em sua totalidade debitado à falta de experiência e a juventude. O alemão que dava a impressão des

de bem cedo na sua carreira de ser um predestinado a torna-se campeão vai deixando escapar entre seus dedos uma oportunidade de ouro que poucos pilotos já tiveram, ou terão. E sabendo disso acredito que Vettel irá se cobrar, o que pode resultar em mais erros risíveis como os da Hungria e da Bélgica. Webbe

r agradece.

Alonso pode ser considerado "The Joker". Até antes de Monza, dava eu a Ferrari tal como um coringa em alguns jogos de baralho, descartado. Mas Alonso convenceu numa corrida irretocável em Monza que ainda pode ser tri campeão em 2010. É uma missão difícil, diria quase impossível dada a falta de um ponto forte técnico na Ferrari nas corridas que se seguem. Mas Alonso não é um piloto de quem devamos duvidar. É o único postulante que possuí apoio total do time, e isso fará diferença dado o equilíbrio das disputas e do mundial apresentados até aqui. Fernando ainda está vivo e motivado, o que pra mim é um indicador de que o espanhol pode aprontar nas últimas provas do ano.

Hamilton é meu favorito. Tem um

grande talento e é muito rápido. A interrogação que coloco na minha análise é quanto a pressão de disputa

r um título, maior ponto fraco de Lewis no biênio 2007 2008. O que me reacende essa dúvida foi a batida com Felipe Massa em Monza. Pode não ter sido nada, mas é cedo pra dizer. A seu favor tem uma equipe sólida sem rachas internos, seu talento e o fato de ter tido um ano mais retilíneo em termos de pontuação que seus rivais. Teve pouquíssimos momentos ruins nesse mundial, e em situações adversas soube fazer corridas magistrais como na Inglaterra, China e Bélgica. Trocando em miúdos, condições técnicas tem... fica por conta de seu emocional.

Por fim, evitando clichês de jogatina e apostas... esses são eles... mas só um será “O”.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cinquentenário



Sinceramente, nunca fui grande fã do Damon Hill enquanto ele corria. Achava seus feitos na pista altamente contestáveis, achava Schumacher e Villeneuve muito mais pilotos. De fato o que se pode criticar em Hill é a falta de combatividade, isso ele não era mesmo.

Porém ele é um vencedor. É um campeão. Esteve no lugar certo na hora certa com todos os méritos. Tem uma história de vida impressionante para aqueles que acham que seu sucesso foi obra exclusiva de seu nome mítico. Muito pelo contrário.

Por isso uso o espaço para homenageá-lo com esse vídeo que vi no blog do Fábio Seixas. Minhas corridas favoritas de Hill são 4: Japão 94, Argentina 95, Hungria 97 e Bélgica 98... sinta-se a vontade para opinar. Longa vida ao roqueiro inglês.

And the trophy goes to... (Parte 1)

Ano que vai acabando, temporada que vai chegando ao fim. 2010 vai morrendo mas ainda deixa acesa a disputa de um título que ao que indica será um épico do esporte a motor. 14 provas cumpridas, 5 restantes, 5 pilotos... um só levará a glória de ter seu nome esculpido na história sendo campeão da F1 em 2010.

Mark Webber era até o GP da Espanha um cara que poucos acreditavam que poderia sequer ajudar Vettel a ser campeão. Nunca foi um primor de piloto, nunca brilhou durante sua carreira. Tivesse mais idade críticos já o estariam dando como piloto aposentado em atividade. Fato é que logo após o GP da China já se comentava a saída do canguru pela porta dos fundos da Red Bull no fim do ano. Porém a partir da prova seguinte em Barcelona a história que vimos tomou contornos de uma pilotagem magnífica e consistente. Os poucos erros cometidos pelo australiano ratificam seu belíssimo mundial. O piloto mais constante da temporada foi também quem mais venceu, 4 vezes. Pode até não ser o campeão no fim das contas, mas o Webber de 2010 provou que já é um vencedor por fazer todos reverem seus conceitos sobre ele.

Button é o primeiro dos postulantes que, na minha opinião só tem chances matemáticas. Começou o ano relativamente bem, muito embora ache que suas vitórias foram mais conseqüência de condições adversas do que de exímia pilotagem. Tem a seu favor o fato de ser um piloto muito seguro e que erra pouco, porém tem em contrapartida essa própria segurança que as vezes se torna falta de performance, sendo traduzida em grids horrorosos e corridas discretas. Mesmo assim, tem, como Webber, a constância como poderosa aliada. Mas para ser campeão Jenson vai ter que fazer mais do que anda fazendo. Algo que a corrida de Monza pode muito bem tê-lo inspirado a fazer.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Máfia fonográfica

Sempre tive, e tenho, costume de ver o VMB. Aconteça o que acontecer, toque quem toque. É o momento no meu ano que uso pra julgar o mercado fonográfico mainstream, ou seja, música do mundo ao meu redor. E devo dizer que isso a cada ano têm sido uma experiência mais assustadora do que a antecessora.

Não pude ver à premiação de ontem, assim, isso que digo é por base de puro achismo, pré ( e também um pouco de pós) conceito.

A música brasileira está em crise, e o rock brasileiro inexiste. É ridículo dar 5 prêmios numa noite para uma banda (se é que se pode chamar aqueles indivíduos de músicos) que estaria no mesmo horário fazendo um ”show surpresa” em outro lugar não longe dali. Coincidência? Não. Essas bandas antes de fazerem de seus pseudo apreciadores massa de manobra para ganhar prêmios e estabelecer popularidade em redes sociais, são fantoches de produtores musicais que baniram a arte do cenário musical recente.

São porcos capitalistas como Rick Bonadio que destroem e deixam cada vez mais anônimas as mais diversas manifestações artísticas de algum valor musical no mundo. O mercado de gravadoras virou máfia, virou influência. Afinal, tocar em uma hora a mesma música em 6 ou 7 rádios diferentes é ou não é, digamos, estranho?

“Ah, mas não fosse Bonadio, e outros, algumas bandas de valor como Mamonas Assassinas, Legião Urbana, Raimundos não teriam saído do anonimato.” Dirá alguém. E eu digo, é por eles também que vemos há alguns anos gente como CPM 22, Dogão é mau, Cine, Restart, NX Zero e afins tirando de bons músicos o incentivo e o reconhecimento que merecem.

Embora eles sejam alvo da maioria das críticas, não culpo os fãs. São pré adolescentes, (ou pós crianças, como gosto de chamar) em sua maioria, não tem personalidade definida ainda, estão descobrindo o mundo. No momento que alguém chega e fala com ele: “- Isso é legal cara, todo mundo gosta, e você?” Pra não se sentir excluído do grupo, por osmose a criança acaba aceitando o movimento e até fazendo parte dele, dependendo da influência. Eu já tive 11 anos, e já fiz coisas que não gosto nem de lembrar, creio que você que me lê também.

Vale dizer que essa vaia, que dizem que a banda dos 5 canecos levou (lembre se, não vi à apresentação) , foi atitude de protesto... dos fãs de emocore (?!), pelo que se diz. Difícil de acreditar que tenha sido uma atitude espontânea de fãs, tão difícil quanto acreditar num show surpresa espontâneo da banda em questão.

Você assistiu ontem a um teatro de fantoches do McDonald’s em escala maior... e a tendência é cada vez mais, piorar.