domingo, 26 de setembro de 2010

O inquestionável


Há tempos ouve-se falar o seguinte ditado na F1: “carro 70%, piloto 30%”. Perfeito, Não? Não. O GP de Cingapura desmentiu essa verdade incontestável da F1 moderna. Alonso ganhou sem ter o melhor carro, sem ter o time mais forte sob aquela circunstância. Ganhou na garra e na vontade de ser campeão.

Para ter noção do feito de Fernando, basta olhar o arquivo da cronometragem oficial (que deveriam disponibilizar, por sinal...) . Alonso foi pontual tal qual um relógio suíço.

Num ciclo vicioso acontecia: A diferença entre Vettel e Alonso era de 1.8s a 2.3s.Vettel tirava a diferença de maneira lenta e constante até que chegasse a 1s cravado, e aí Fernando mostrava suas garras enfiando, somados nos 2º e 3º setores, cerca de 0.6s numa volta por cerca de duas vezes, repetindo-se o ciclo daí para o começo.

Chegou a ser engraçado número de vezes em que o locutor oficial proclamava a aproximação de Sebastian dizendo: “Agora vai!” e Alonso metia logo tempo de novo no alemão confundindo o coitado do narrador. E isso durante 80% de uma prova que teve o tempo próximo de 1h 58min, com nada menos que 85% de umidade relativa do ar.

Alonso imperou hoje uma hegemonia que poucas vezes vi na F1. Com um carro inferior manteve-se à frente de Vettel com a toda poderosa Red Bull que dominou todos os treinos livres, até a classificação, exceção feita ao Q3 obviamente. E gostem ou não do dito cujo, carro sozinho não faz o que o asturiano fez em Marina Bay hoje.

No mais a corrida foi uma das melhores do ano (como profetizei aqui ontem, inclusive). Destaque aos acidentes que aconteceram aos montes. Um inclusive vitimando Hamilton, ex-vice líder do mundial. E sendo honesto, cabe aqui um elogio à FIA, tão criticada por mim nos últimos tempos, que julgou de forma a não prejudicar o espetáculo os incidentes colocados sob investigação, sobretudo o de Webber e Hamilton, típico acidente explicado apenas pelas leis da física que sabiamente dizem que “dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço”. Fato é que sobrou vontade, mas faltou ponderação. Paciência. Melhor para Mark e sua suspensão dianteira, cuja qual deveria mandar empalhar para pendurar na sala de estar de casa, se campeão for.

O problema crônico de largadas de Barrichello desde o início da carreira atacou de novo hoje. Mas dos males o menor. De 6º saiu, em 6º chegou. Poderia ser 5º, mas está no lucro.

Massa foi “salvo” pelas punições discutíveis a Sutil e Hulkenberg. Aos leitores mais atentos que lembram do GP do Japão de 2007, quando Massa foi até a linha de chegada numa disputa de esportividade discutível com Kubica e lembram do que disse o locutor oficial na situação, o que Felipe fez hoje não é o que se espera de um piloto da Ferrari.

O contrário de Fernando, soberbo.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Exagero... Correu de cara pro vento e sem ninguém pra atacar de verdade.
O Vettel comboiou o cara e ficou com medo de errar (mais do que errou)deixando o cara tranquilo