O problema é que aos poucos, os pilotos, insatisfeitos em apenas usar as zebras, foram usando a “ponta” da grama para fazer as curvas. Daí, teve-se a ideia em 1996 de aumentar a altura das zebras nas chicanes del Rettifilio (ainda com duas pernas na época) e Della Roggia - primeira e segunda do circuito, respectivamente. Não satisfeita com o resultado durante os treinos livres, a organização do GP resolveu colocar barreiras de pneus logo após as zebras, para forçar os pilotos a não subir demais nelas, desse modo, respeitando o desenho da pista.
O problema foi que a organização resolveu fazer isso logo no treino classificatório sem antes testar. Hill, Villeneuve e Berger foram chamados pela FIA para aprovar a medida, e deram o “OK”. Resultado disso foi que na primeira meia hora de sessão apenas dois carros foram à pista, ninguém queria ser cobaia de tal medida. Mas, as maiores tormentas aconteceriam na corrida, quando a organização colocou “três pneus de altura” nas barreiras. Quem a acertasse com bico ou roda teria problemas.
Logo no início da segunda volta da prova eis que o primeiro incauto comete o deslize, Jacques Villeneuve. O canadense não conseguiria mais ter o mesmo ritmo nas 51 voltas restantes. O contato desequilibraria seu FW17, mas quem pagaria mesmo o pato seria David Coulthard, que, com a sobra de um dos pneus em seu traçado, teria sua direção quebrada pelo choque, e seria forçado a deixar a prova.
Uma volta depois, Panis bateria nos pneus da primeira curva e abandonaria também. Um pouco mais à frente Hakkinen - o terceiro colocado -, tocaria nos pneus da primeira perna da segunda chicane. Isso resultaria num spoiler avariado e, logo em seguida, Mika tendo que ir ao box trocá-lo.
Mas a grande vítima viria na volta seis. Hill, com uma liderança confortável para Jean Alesi, bateu nos pneus da segunda perna da primeira variante. Quebrou sua suspensão dianteira e perdeu a oportunidade de fechar o campeonato com duas provas de antecedência. Acabou, no entanto, por não ter grandes problemas na pontuação, já que Villeneuve não pontuaria no sétimo lugar alcançado ao fim da prova, com seu carro desequilibrado desde a segunda volta. Manteve os 13 pontos de diferença entre os dois postulantes ao título.
Duas voltas depois, Frentzen tocaria nos pneus da segunda chicane. Rodou e também abandonou. Após o início de prova tumultuado, pilotos começaram a se precaver mais nas entradas das curvas. O que não fez com que os “pneus malditos” tivessem acabado de fazer vítimas. Na volta 24, era hora do irlandês Eddie Irvine - terceiro colocado - tocar nos pneus da primeira chicane e quebrar sua suspensão mais adiante, após a Curva Grande.
Na 37, foi a vez de Rosset aderir às vítimas feitas pelos pneus naquele dia. Na 40ª, o grande susto para o torcedor italiano. Schumacher – o líder - bateu na mesma proteção de pneus na qual Irvine batera para abandonar (foto). No choque, dois pneus da proteção se soltaram, mas assim mesmo, por milagre, o alemão não teve o carro avariado (detalhe da foto: Schumacher "inspecionando" sua suspensão dianteira esquerda). Dali mais 13 voltas, Schummy ganharia seu primeiro GP da Itália da vida e encerraria um jejum de oito anos sem vitórias da Scuderia em Monza.
Nunca mais se usou pneus nas chicanes de Monza. Para que os pilotos não usem mais do que a própria zebra para fazer as curvas, hoje se tem uma pequena barreira no estilo “quebra-molas” na parte de dentro das curvas. Uma solução tosca dessa realmente só poderia dar na corrida que deu e nunca mais ser utilizada.
Veja as seis primeiras voltas da corrida:
2 comentários:
quem foi a anta que teve essa ideia?rs
eu me lembro de quando fiquei puto quando o Hill abandonou. Não posso ver esses vídeos pq fico saudosista com a Williams na frente...rs
É... Aquela solução com os pneus empilhados era muito trash...
Mas é por isto e outras coisas que amamos Monza.
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