quinta-feira, 24 de março de 2011

O dia dos "segundões"


Em 1996 a F1 mudava de domicílio na Austrália. Havia, quatro meses mais cedo, encerrado a temporada de 1995 em Adelaide e iniciaria outra em Melbourne. Um GP de estréias. Além da nova pista, no Albert Park, o grid contava com um alto número de trocas de assentos para a nova temporada.

Entre elas, Coulthard “deu área” da Williams de número 6, deixando-a para o canadense vencedor da Indy 500 e da temporada da IndyCar em 1995, Jacques Villeneuve. O novato mais comentado do fim de semana. Schumacher havia saído da Benetton para ir pilotar os bólidos rubros de Maranello. Seu companheiro de equipe seria o italiano Nicola Larini, promovido da posição de reserva de anos para os holofotes titulares. Seria. Schumacher vetara sua presença argumentando internamente que por ser italiano os mecânicos dariam prioridade a Larini. Schumacher exigiu outro piloto para ser segundão, veio então, Irvine.

Os segundões, Villeneuve e Irvine, teriam um ano difícil pela frente, andar na balada de, respectivamente, vice e atual campeões em 1995. Mas, a zebra deu as caras. Villeneuve marcou a pole position no sábado, em seu primeiro treino classificatório na F1. Irvine também foi bem, colocou o F310 em 3º justamente a frente do “patrão” Michael Schumacher em 4º. O feito de Eddie ganha contornos de milagre quando constata-se que essa era apenas a terceira vez que Schumacher largava atrás de um companheiro de equipe em sua carreira na F1. Piquet na Austrália em 91 e Herbert na Bélgica em 95 haviam sido os únicos a bater o alemão.

No domingo o GP começaria de forma caótica. Brundle passaria por cima de Coulthard, agora na McLaren, e Herbert na freada para a curva 3, fazendo seu carro dividir em dois na caixa de brita. Bandeira vermelha, nova largada.

Na segunda, Schumacher pularia à frente de Irvine, porém Hill continuaria atrás de Villeneuve. Os Williams gêmeos ficariam juntos até a primeira, e única, parada. Villeneuve foi o primeiro. Hill depois, e voltando à frente de Jacques. Porém com os pneus mais aquecidos o ataque fora imediato, e logo na curva 4 o canadense voltava a ser o 1º. Ao mesmo tempo que Schumacher deixava a prova e o 3º lugar para Irvine com problemas no freio de sua Ferrari.

Porém o que parecia uma vitória certa se tornou um drama para Villeneuve. Seu carro começava a fumar, graças a um vazamento de óleo. Villeneuve lutava para manter o carro na pista e não tinha mais o mesmo ritmo. Para não correr riscos a equipe Williams, a 5 voltas do fim, ordenaria uma troca de posições. Hill venceria com Villeneuve em 2º e Irvine, subindo pela segunda vez na carreira no pódio, em 3º.

O ano que parecia fácil para Hill e Schumacher nas disputas internas começou quente. Mas para Schumacher nada passou de um alarme falso, Irvine não conseguiria largar na frente do alemão mais naquele ano. Pior ainda, acumularia um recorde negativo de abandonos, de nove nas últimas 10 provas. Para Hill seria diferente, a longo prazo. Jacques demoraria um pouco a se adaptar a F1, mas Villeneuve daria trabalho ao inglês até a última etapa do ano, com condições matemáticas de tomar o sonhado título de Hill.

Apesar dos destinos diferentes ao longo do ano, o dia 10 de março de 1996 não deixa de poder ser considerado o dia dos ditos “segundões”. Dia do primeiro GP em Melbourne. Deixo por fim, um vídeo bacana que encontrei enquanto fazia o post. Bem legal pra quem curte a F1 na sua anatomia. Algumas imagens do trabalho no box da Jordan durante aquele fim de semana:


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