terça-feira, 5 de abril de 2011

4 Fun


- E aí, cara? Beleza?

- De boa. E aí?

- Suave! Você viu, meu? O Raikkonen vai pra NASCAR.

- Kimi Raikkonen? Cala a boca. Tem noção da sandice que você acabou de dizer? Kimi nos EUA, com aquele monte de caipira?

- É, cara.

- Só acredito vendo...

De fato, eu só acreditaria vendo. E vi uma vez, vi duas e... vi de novo. E é fato. Kimi Raikkonen assinou com a equipe de Kyle Busch na Truck Series (terceira divisão da NASCAR) para fazer, a partir de 20 de maio, todas as corridas que não coincidirem com etapas do WRC. O que intriga não só a mim, como a maioria dos fãs de automobilismo e de Kimi é: O que estaria Raikkonen fazendo? Chegar aos ralis era compreensível sendo pacato e bucólico, como um europeu nórdico típico. Mas ir à NASCAR? O dialogo supracitado seria a reação natural de 11 entre 10 fãs de automobilismo que acompanharam sua carreira de 2001 a 2009.

Porém analisando desse ponto de vista frio, acredito não estarmos vendo a “verdadeira faceta” por trás do piloto finlandês. Kimi, como qualquer piloto, gosta de carros, de correr, e sente prazer na competição. Foi essa desculpa que usou (ou usaram pra ele) para ir ao WRC em 2010, sugerindo que na F1 não tinha mais o mesmo “tesão” em competir, pelo fato de ter que ser excessivamente diplomático e burocrático em seus atos durante os fins de semana de GPs.

E lá foi Kimi, bater uns carros no meio do mato. Conseguiu um 10º posto no campeonato do ano passado, tendo como melhor resultado um quinto lugar no rali da Turquia. Pouco. Pouco pra quem foi campeão do mundo de F1, pouco pra quem foi considerado o sucessor de Schumacher depois de uma disputa fantástica com o alemão em 2003. Pouco pra quem ganhou um GP do Japão saindo de 17º, pouco para quem era tido como único de talento suficiente a ameaçar a superioridade técnica de Fernando Alonso nos idos de 2005. Pouco para o que o nome Kimi Raikkonen representa.

Mas vá. Ele estava se divertindo. Ah... diversão. Essa é uma palavra que deveria estar mais presente no dicionário dos terráqueos. Foi atrás disso que Kimi foi ao rali, e é atrás disso que irá à NASCAR. Pelo prazer de competir, pelo prazer de ganhar uma corrida, por aquele bendito fracasso que o instiga a ir vencer os seus próprios limites no outro dia. Pelo gostar de correr, pelo “viver”, e pela oportunidade de entender o porque raios os caipiras do Mississipi amam ficar três horas virando o carro pro mesmo lado.

Disse aqui, quando Liuzzi assinou com a Hispania, que o automobilismo não se resumia só a F1, e não entendia o porque de o italiano se submeter a tal massacre de nervos para continuar no mercado da categoria. Tudo bem que a diferença técnica de Liuzzi pra Kimi é eterna, mas pra quê insistir?

Raikkonen é um cara corajoso. Admirava-o por sua decisão impávida de trocar a tão poderosa e glamorosa F1 por “tomadas de tempo” a quilômetros da metrópole mais próxima. E agora essa, ir pra NASCAR. Algo impensável duas semanas atrás para um finlandês, piloto de Rali e de F1. Pode ser que Kimi se ferre por lá e pare de achar graça na aventura (como eu acho que vai), mas Raikkonen deu a todos um exemplo de que tem prazer pelo esporte a motor, seja qual for a categoria, ou modalidade.

Divirta-se, Kimi!

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