quinta-feira, 5 de março de 2009

Tattooed Millionaire (Bruce Dickinson)

Custumo sempre usar esse quadro aqui no blog para falar de discos dos quais gosto e acho fora de série na minha seleta coleção. Porém esse não é o caso, poderia ser mas não é. Quando pensamos no nome Bruce Dickinson vem logo a memória os grandes clássicos do Iron Maiden em seus anos de ouro (Revelations, Powerslave, The Prisoner... etc...), na voz do sujeito em questão. Então ai, se falamos em Iron Maiden logo imagina-se que a carreira solo de Bruce tenha uma postura musical parecida, o que não é verdade.

Pois bem, nesse disco lançado em 1990 a sonoridade é o Hard Rock, e dos bem pops mesmo. Diria que para um fã de Iron Maiden o disco decepciona bastante. No quesito técnica é um disco bem pobre também, destaque para as linhas de baixo que quando notadas são bem simples, e juntamente a bateria acabam fazendo uma cozinha das mais enfadonhas. O guitarrista do álbum é Janick Gers, que no mesmo ano foi chamado para substítuir Adrian Smith no Iron Maiden no mal falado No Prayer for the Dying. Se você acha que isso faz com que a guitarra seja algo primoroso no disco, está enganado (diga-se de passagem que Gers está longe de ser o melhor guitarrista do Maiden). Os riffs até que são bons, mas os solos são bem precários na execução e de certa forma bem básicos.

O álbum começa com Son of a Gun, um dos melhores sons do disco, de letra forte e belo instrumental. A segunda é a faixa título do álbum, Tattooed Millionaire, a melhor do disco disparada. Música que vai além do belissímo instrumental e backing vocal afinadissímo, contém em sua letra uma crítica a Nikki Sixx, baixista do Mötley Crüe, por ter "dado uns pega"(por dizer assim) na mulher de Bruce Dickinson na época. Fofocas a parte essa música é a melhor do álbum inteiro.

Born in '58 é uma música auto-biográfica de Bruce, que possui um belo instrumental. Das melhores do disco, contra-balanceiando muito bem o violão com o peso do refrão. Hell on Wheels revela bem o lado Hard "AC/Dcistico" do álbum, os vocais rasgados de Bruce dão o complemento perfeito ao riff de Janick. Gypsy Road é a baladinha do CD, com até uma progressão bacana, um solo com aquele "feeling" basicão, nada de mais.

"Nada de mais" é exatamente o que traduz desse disco, não há uma música ou trecho notável no álbum. E isso vemos bem depois da metade, onde chegamos agora, do álbum.

A próxima é a mais chata e sem criatividade do disco, Dive! Dive! Dive!. Além dos clichês cansativos de um Hard Rock, como refrão pegajoso e partes onomatopáicas para os que não sabem a letra nos shows, os riffs são fracos, solo é ruim e o baixo é inaudível, enfim música tão consistente quanto um pudim.

All the Young Dudes seria o que eu chamaria de semi-balada, trata-se de um cover de David Bowie, mas totalmente revisto por Bruce Dickinson. Uma das mais belas do álbum. A faixa 8 Lickin' the Gun segue o exemplo de "Dive!(X3)", outra música que nada acrescenta no álbum apenas faz número, o 8 em 10.

Zulu Lulu apesar do nome letra tosca é uma das melhores do álbum, seu solo é o melhor do CD, lembra até um simples Blues, mas foi nessa simplicidade que se deram bem Bruce e compania. A última do disco é No Lies, talvez a mais obscura do álbum, mesmo com o toque Hard soa como diferente do resto do CD, principalmente em seu final.

Por fim basta dizer que é um disco comum, mas um comum que é irritante (e inesperado) tratando-se de Bruce Dickinson. Esperava-se muito mais de um disco de estréia de um icone do metal, como ele é. Esperava-se mais criatividade, mais consistência, mais técnica e, trocando em miudos, mais metal. Esse é um disco bom para quem gosta de simplicidade ao extremo e aprender refrões pegajosos para cantar no chuveiro, mas se você espera e gosta de robustez, característica do Iron Maiden, fique longe.
Set List:
1. Son of a Gun
2. Tattooed Millionaire
3. Born in '58
4. Hell on Wheels
5. Gypsy Road
6. Dive! Dive! Dive!
7. All The Young Dudes
8. Lickin' The Gun
9. Zulu Lulu
10. No Lies

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