sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Vale a pena ver de novo - GP da Alemanha 2000


A F1 chegava ao tradicional circuito de Hockenheim no ano 2000. Circuito que ainda possuia as retas interminaveis que cortavam a floresta negra, da cidade alemã de Hockenheim. O campeonato que inicialmente parecia fácil para Schumacher conquistar seu primeiro título mundial na Ferrari se tornava complicado com dois abandonos na França e na Austria provas respectivamente antecessoras do GP da Alemanha. Schumacher tinha 56 pontos, Coulthard 50 e Hakkinen que começava uma reação após um começo de ano ruim 48 pontos.
Rubens Barrichello que fazia sua primeira temporada na Ferrari vinha constantemente chegando aos pódios, desde o GP do Canadá o brasileiro chegava entre os 3 primeiros ao final de todas as provas, mas faltava-lhe a primeira vitória.
No treino oficial a previsão de chuva para antes da primeira metade da sessão faz todos sairem rápido para a pista. Nisso Coulthard faz a pole, Schumacher consegui o 2 tempo com Fisichella levando a Benetton para uma boa 3 colocação seguido de Hakkinen em 4.
Porém o treino é ruim para Barrichello e Frentzen. O carro do brasileiro ao abrir a primeira volta rápida quebrou e como o carro reserva estava acertado para Michael Schumacher ocorre uma demora para acerta-lo para Rubinho, que tem o carro pronto apenas depois da metade do treino quando a chuva já caia. Com a parada da chuva e a pista gradativamente secando Barrichello consegue o 18 tempo. Frentzen por sua vez havia cortado duas chicanes durante sua volta rápida de pista seca e teve seu tempo retirado. Como Barrichello também teve que fazer sua volta boa na pista molhada marcando assim o 17 tempo, uma posição a frente de Rubens.

O antigo circuito de Hockenheim
O dia 30 de Julho de 2000 em Hockenheim trazia uma previsão de chuva para a metade da prova, era isso em que apostava Schumacher para ganhar a prova perante sua torcida, pois ele sabia que a McLaren tinha o melhor carro em condições normais.
Jenson Button da Williams que largava em 16 acaba deixando seu motor apagar antes da volta de apresentação o que o força a largar em último no grid atrás da Minardi de Marc Gene.
Na largada Coulthard força pra cima de Schumacher o que da espaço para Hakkinen depois de uma excelênte largada assumir a ponta. Vendo isso Schumacher bota seu carro por fora na primeira curva para sair tracionando melhor que David e tentar o bote para o 2 lugar na primeira chicane, mas Michael não vê Fisichella que também estava por fora, desse modo a asa dianteira de Giancarlo fura o pneu traseiro esquerdo da Ferrari do alemão e como se não bastasse a infelicidade da asa quebrada para o italiano a própria entra por debaixo da Benetton impossibilitando Fisi de fazer a primeira curva. Os dois batem e é o fim da prova para ambos.
Decepção para a torcida alemã com Schumacher abandonando a prova logo de cara
Ao final da primeira volta Hakkinen era o 1, Coulthard o 2, Trulli 3 e De la Rosa 4, Herbert 5 e Verstappen o 6. Barrichello vinha em boa recuperação e já ocupava a 10 posição ao final do primero giro. E assim prossegue nas voltas seguinte passando Zonta, Villeneuve, Irvine, Verstappen e Herbert até que encontra o primeiro desafio, a Arrows de Pedro De La Rosa que vinha numa incrivel 4 posição com um bom ritmo de prova, passa por ele e chega em outro ainda maior Jarno Trulli da Jordan que era o 3, Rubinho arma a bela ultrapassagem na primeira chicane durante a volta 15, três voltas antes Herbert abandonava a prova com problemas no câmbio de sua Jaguar.
O desempenho de Rubinho era de impressionar havia passado Trulli e começado a reduzir a diferença para as McLarens de Hakkinen e Coulthard, porém havia uma explicação para tal recuperação tão alucinante, Barrichello havia optado por uma tática de duas paradas, uma a mais que a maioria dos concorrêntes diretos exceto Trulli.
A primeira delas ocorreu na volta 17, depois da troca Barrichello volta em 5, justamente com Trulli e De la Rosa a frente.
A guerra psicológica entre os pilotos da McLaren era vista com olhos entediados pelo espectador, Coulthard querendo a liderança do mundial após a desistência de Schumacher fazia voltas rápidas que eram rapidamente batidas por Hakkinen que com o primeiro lugar via-se lider da temporada 2000, assim sendo o escocês não conseguia atacar e nem chegar perto do finlândes. Barrichello começava a chegar novamente em De la Rosa após sua primeira parada, até ai parecia uma corrida normal...
Foi quando na volta 22 um fato inédito ocorreu, ex-funcionário da Mercedes-Benz bêbado entrou na pista para fazer um protesto contra a fábrica que o havia demitido. Isso trouxe o Safety Car pela primeira vez a pista.
Rubinho viu-se nesse momento de fato em 3 lugar sem precisar fazer mais nenhuma parada de box já que fizera sua última durante este Safety Car. O azarado da situação é Coulthard que por uma tática errada da McLaren fica uma volta a mais na pista no ritmo lento do Safety Car, cai para 6 lugar após seu pit.
Era dada a relargada, Rubinho foi decidido para cima de Jarno tentando passa-lo na primeira chicane sem obter sucesso, mais atrás Zonta bate em R. Schumacher que acaba rodando e caindo para último. Uma volta após esse ocorrido Jean Alesi da Prost tenta passar Pedro Paulo Diniz da Sauber pela 15 posição, os dois batem na terceira chicane e trazem o Safety Car novamente a pista.
Na relargada Wurz tem problemas com o câmbio que havia travado assim saindo da pista e rodando na reta dos boxes. Uma decepção para a Benetton que tinha boas possibilidades na corrida, pois Fisichella havia largado em 3 e Wurz em 7.
A corrida seguia com Barrichello já não tão combativo quanto antes atrás de Trulli e Hakkinen em 1. Foi quando na volta 33 começou a chuva prevista pela meteriologia local. Hakkinen e Trulli vendo isso entram de imediato no box para trocar os pneus e sair rapidamente para não perder tempo, porém Trulli acaba nessa rapidez passando do limite de velocidade o que faz com que ele leve mais tarde um "penalty" de 10 segundos.
Trulli vinha fazendo boa corrida até ultrapassar o limite de velocidade no pit lane
Nesse mesmo momento acontece um lance curioso, Zonta bate em Villeneuve na primeira curva, isso mais tarde resultaria num bate boca e também na demissão de Ricardo da B.A.R. após a temporada, praticamente acabando com a carreira do brasileiro na F1, já que Zonta nunca mais fora piloto oficial depois de 2000.
Com a entrada de Mika e Jarno no Pit Rubens sobe para 1 com Coulthard em 2, Frentzen em 3 e Zonta o 4. A chuva caia forte apenas em um ponto da pista, o estádio assim os 4 conseguiam manter-se num ritmo forte na medida do possivel. Porém Mika estava tirando a diferênça rapidamente, em um ritmo alucinante de quase 1.5 por volta.
Foi quando na volta 37 Ricardo Zonta sai da pista no estádio e bate na proteção de pneus, fim da corrida para ele. Na volta 38 Coulthard por precavendo-se de eventuais pontos perdidos no campeonato resolve não arriscar ficar na pista e vai para o pit. Assim Barrichello continua liderando com Frentzen em 2 com Hakkinen já a ataca-lo, o finlândes ultrapassa o alemão da Jordan na primeira curva, porém leva o troco da Jordan na primeira chicane. Para a infelicidade de Heinz ao entrar na reta dos boxes para abrir a volta 39 ele tem um problema no câmbio de sua Jordan o que o tira da prova enquanto ele ocupava o 2 lugar.
Com Frentzen fora restava a Barrichello se sustentar sozinho na ponta da corrida com pneus "slicks" enquanto outros pilotos como Irvine e Verstappen rodavam no "sabão" do estádio. Na volta 4o Mika tinha 10s de desvantagem para Rubinho abaixa na 42 para 8.5s, porém o talento de Rubens na pista molhada fala alto e ele mantêm a diferênça com pneus de pista seca na chuva para o finlândes que tinha os pneus intermediários.
Muito se dizia sobre como Barrichello conquistaria sua primeira vitória na F1, criou-se muita espectativa, achavamos que ela viria naturalmente, porém ao fechar a volta 45 que marcou o fim da prova Rubinho provou que todos nós estavamos errados. Ele ganha uma corrida sensacional saindo de 18 e se sustentando nas últimas 7 voltas dos 6.8 Km do veloz Hockenheim com pneus "slicks" debaixo de chuva. O que faz do choro de Rubinho no pódio fato após uma corrida histórica que com certeza está dentre as 5 mais emocionantes que o cidadão(?) que vos escreve já teve o prazer de assistir. Digo mais, até hoje pensar naquele domingo em que a F1 dava boas vindas ao mais novo vencedor que tirou o Brasil de um tabo de quase 7 anos sem vitórias o arrepia.
Ah sim o nome dele... Rubens Barrichello

Hakkinen e Coulthard erguem Barrichello no pódio

Imagem curiosa: Schumacher cumprimenta Rubens no parque fechado, com a vitória dele o alemão não perderia a liderança do mundial
Resultado depois de 45 voltas:
1. Rubens Barrichello - Ferrari
2. Mika Hakkinen - McLaren Mercedes
3. David Coulthard - McLaren Mercedes
4. Jenson Button - Williams BMW
5. Mika Salo - Sauber Petronas
6. Pedro De La Rosa - Arrows Supertec
7. Jacques Vileneuve - BAR Honda
8. Ralf Schumacher - Williams BMW
9. Jarno Trulli - Jordan Mugen-Honda
10. Eddie Irvine - Jaguar Cosworth
11. Gaston Mazzacane - Minardi Fondmetal
Volta mais rápida: R. Barrichello 1:44.300

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